Página Inicial Saúde Informação de proteína em rótulos induz a erro, diz Idec – 06/08/2025 – Equilíbrio e Saúde

Informação de proteína em rótulos induz a erro, diz Idec – 06/08/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Se antes o teor proteico dos alimentos ficava restrito à tabela nutricional no verso das embalagens, esse número agora é exibido no rótulo como trunfo da saúde. São barrinhas, chocolates, bebidas saborizadas, biscoitos, iogurtes. Mas a lista de ingredientes, ainda em letras miúdas, acusa sem dó: açúcar, adoçante, gordura, conservantes, corantes.

Segundo um levantamento do Idec (Instituto de Defesa de Consumidores), essa é uma alegação que pode induzir os consumidores ao erro. A pesquisa, feita entre os dias 9 e 16 de maio deste ano a partir do site de uma rede nacional de supermercados, identificou 52 produtos com alegações de proteína em seus rótulos e que fossem, também, ultraprocessados segundo a classificação Nova. Os 52 incluíam o ingrediente responsável pela proteína como top cinco da listagem.

A classificação Nova, criada na USP (Universidade de São Paulo), divide os alimentos em quatro categorias: in natura –carnes, frutas, legumes, vegetais–, ingredientes culinários –óleo, farinhas–, processados –pães, queijos, frutas em conserva– e ultraprocessados –formados com fragmentos de alimentos por meio de processos industriais que não podem ser replicados em casa.

Nos 52 produtos analisados pelo Idec foram encontradas 65 alegações de proteína, das quais 44 diziam respeito à quantidade. As alegações de 11 dos produtos, segundo o instituto, podem induzir o consumidor ao erro.

“A proteína começou a ser destacada no rótulo há alguns anos”, diz Mariana Ribeiro, nutricionista e analista de pesquisas do Idec. “Antes se falava muito em produtos light e diet. Hoje, nem precisa disso. Se você destaca a proteína já causa uma percepção para o consumidor de que aquele produto é saudável. Mas nem sempre é verdade.”

A nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, argumenta de forma similar. “O destaque da proteína pode induzir a percepção de saúde, mas muitos desses produtos são ultraprocessados, com adição de açúcares, gorduras e aditivos”, diz.

O relatório aponta que “alimentos tradicionalmente minimamente processados ou processados tornaram-se ultraprocessados apenas para atender à tendência de fortificação proteica”.

Segundo a nutróloga, mesmo com a adição de proteína, o consumo frequente desses ultraprocessados está associado a “aumento do risco de obesidade, doenças metabólicas, inflamação crônica e má qualidade da dieta”.

“Em vez de eu pegar um produto que é minimamente processado, in natura, pensar numa refeição que tenha todos os nutrientes, eu vejo que se um determinado alimento está me dizendo que tem certo percentual de proteína e eu entendo que proteína é saudável, entendo que isso é uma opção adequada, enquanto na verdade não é”, afirma Ribeiro.

Segundo Garcez, o nível de processamento influencia na absorção do nutriente. “A biodisponibilidade e o valor biológico da proteína dos alimentos in natura, como ovos, carnes e leguminosas, geralmente é superior. Já nos ultraprocessados, fatores como aditivos e matriz alimentar podem interferir na absorção e no efeito metabólico.”

O relatório do Idec aponta que as mídias sociais impulsionam o interesse pela atividade física, inclusive como símbolo de status social. “A proteína passou a ser atrelada à força física, superioridade e eficiência máxima do corpo, como se fosse o principal nutriente responsável pelo sucesso corporal e atlético”, diz o documento.

Ribeiro afirma que a maior parte das alegações de proteína analisadas não chegam a ser danosas, mas dão aos produtos um ar de saudabilidade que não é verdadeiro.

Além disso, a suplementação de proteína, segundo Garcez, é indicada em casos específicos, como para idosos, atletas de alta performance, pessoas em reabilitação ou com restrições alimentares.

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