O presidente Lula (PT) disse nesta sexta-feira (30) ter se arrependido de não ter convocado a ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, para o evento de relançamento do programa que dá acesso a médicos especializados pelo SUS (Sistema Único de Saúde), rebatizado nesta sexta-feira (30) de Agora Tem Especialistas.
“Queria dizer para Nísia que foi um erro meu não ter pedir para convocar ela para estar aqui neste dia de hoje porque seria também um dia marcante pra ela. Tenho um apreço muito grande pela companheira Nísia. Peço a Deus que a gente consiga fazer com que esse programa funcione mais rápido.”
Lula abriu seu discurso com agradecimentos a ex-ministra e assumiu ter feito sucessivas cobranças à pasta durante o período em que estava sob a chefia da socióloga.
“A Nísia fez um esforço quase desumano para colocar esse programa em pé. Eu sei o quanto ela trabalhou, o quanto eu cobrei, e sei que a Nísia, sabe, deve tá assistindo a gente em algum lugar e deve estar torcendo, porque sinceramente metade de tudo isso aqui, um pouco, mais, é da responsabilidade da companheira Nísia”, disse.
As declarações foram dadas durante o relançamento do programa, com a presença do atual ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e demais autoridades.
O anúncio do programa ocorre 13 meses após o governo apresentar o primeiro formato Mais Acesso a Especialistas, ainda sob o comando de Nísia, ação que desagradou o presidente por não atacar rapidamente as filas da rede pública. O relançamento é mais uma aposta do governo para emplacar uma marca forte na saúde.
Ainda neste ano, Nísia viajou o país em divulgação do programa, em uma de suas últimas ações antes de ser substituída. Nas visitas aos estados, ela entregou ambulâncias, esteve em hospitais e conversou com gestores sobre a estratégia de combate à dengue. Antes de demiti-la, Lula reforçara a cobrança por uma marca forte para a gestão.
No evento desta sexta, Lula também usou o momento para falar que alguns programas do próprio governo ainda não chegam à população, e citou como exemplo o Brasil Sorridente, ação que promove atendimento dentário ao público de baixa renda.
“O Padilha sabe da minha obsessão pelo [Mais Acesso a] Especialistas, pelo Brasil Sorridente e eu fico decepcionado porque vejo muita gente ainda sem dente, o Brasil Sorridente não tá chegando às pessoas. Então, Padilha, o que você ta fazendo hoje,o que você construiu, acho que é uma coisa enorme.”
O evento, realizado no Palácio do Planalto, teve a participação de ministros do governo, parlamentares, além de prefeitos e governadores da base, como o prefeito de Recife, João Campos (PSB), e os governadores do Ceará, Elmano de Freitas (PT) e da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).
Como primeira entrega do programa, seis cidades brasileiras receberão um acelerador linear — equipamento de alta tecnologia que reduz o tempo de tratamento do câncer.
As entregas dos equipamentos aconteceram em cerimônias simultâneas em hospitais localizados nos municípios de São Paulo (SP), Bauru (SP), Piracicaba (SP), Teresina (PI), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR). A ida de integrantes do governo para estas inaugurações foi um pedido do presidente Lula.
No evento, o vice-presidente da república Geraldo Alckmin participou, da capital paulista, da entrega de um acelerador linear de radioterapia para o Hospital São Paulo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Segundo ele, o câncer já é a primeira causa de mortalidade em 10% dos municípios brasileiros. “Com lançamentos como este pretendemos mais do que dobrar o número de pacientes atendidos, fazendo de forma mais rápida e mais precisa”, disse Alckmin.
Na manhã da quinta-feira (29), o vice-presidente tinha dado entrada em um hospital para tratar de um quadro de gastroenterite aguda que, segundo ele, já está controlado.