Página Inicial Saúde Maquiagem de republicana: veja debate por trás da estética – 09/05/2025 – Equilíbrio

Maquiagem de republicana: veja debate por trás da estética – 09/05/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

Emolduradas por cabelos volumosos e, com frequência, loiros, a maquiagem associada às apoiadoras de Donald Trump parece seguir um roteiro. Base alaranjada de acabamento matificado (sem brilho), aplicada com generosidade em todo o rosto. Batom rosa –num estilo conhecido como “Texas lips”, ou lábios texanos– ou gloss transparente transbordando dos contornos da boca. Máscara para cílios preta e abundante, ou mesmo cílios postiços, servem de contorno para olhos com lápis carregado. Sobrancelhas escuras, bem definidas e preenchidas, coroam o visual.

Entre as mulheres associadas a essa estética estão Kristi Noem, secretária de Segurança Interna, Lara Trump, que é nora do presidente americano, Nancy Mace, deputada da Carolina do Sul, e Karoline Leavitt, secretária de Imprensa da Casa Branca.

É um visual mais exagerado do que as tendências de beleza atuais, que têm o foco em cuidados e preparação com a pele, empacotadas sob a figura da “clean girl” que usa pouca maquiagem e se concentra no bem-estar geral da pele, do corpo e da mente. Nesse grupo, saem de cena produtos como a base pesada para dar lugar a ácidos e hidratantes.

Por outro lado, está em voga também o uso da maquiagem de forma mais artística, distanciada da ideia de esconder defeitos ou melhorar a aparência. Quem se inclina a essa ideia aposta em batons, sombras e máscaras coloridas, delineadores geométricos e marcados.

Sustentavam essa aparência vários usuários do TikTok que decidiram transformar em piada a tal maquiagem de republicana. A maquiagem clean ou artística era substituída por versões exageradíssimas da base pesada com batom rosa ou gloss borrado –gafe associada a Leavitt– e máscara pesada e borrada. Quanto mais tosco, melhor.

A precursora da piada, a influenciadora Suzanne Lambert, se referiu, ironicamente, às mulheres adeptas do visual como “as maravilhosas garotas MAGA [Make America Great Again, lema da campanha trumpista Faça a América Grande Novamente]”.

Em muitos casos, usuários que zombavam das republicanas são pessoas com piercings, cabelos coloridos e com maquiagens menos convencionais, como batons escuros e delineados geométricos nos olhos. Há também mulheres liberais que descobrem, pela piada, que pecavam na maquiagem.

A zombaria teve resposta. A revista feminina conservadora Evie publicou um artigo sobre as mulheres liberais que tentam a maquiagem republicana e acabam “mais bonitas”. Influenciadoras de direita foram ao TikTok com a intenção reversa, de imitar a maquiagem das liberais.

No podcast The Opinions, do New York Times, a jornalista Jessica Grose diz que esse visual reforça a conformidade de gênero, como se elas exagerassem a feminilidade.

A adoção de uma estética ultrafeminina ecoa alguns preceitos do atual governo Trump, que procura reforçar a divisão dos papéis de gênero e preza pela defesa de que só existem dois sexos, e que eles são imutáveis. Também não é exatamente novidade entre as mulheres de direita –a ex-governadora do Alasca Sarah Palin já apostava em cabelos volumosos e maquiagem carregada nos anos 2000, quando estava no cargo.

É comum, porém, que mulheres na política tentem masculinizar sua imagem, com cabelos curtos, roupas discretas e pouca maquiagem. A ex-premiê da Alemanha Angela Merkel é exemplo disso, assim como a ex-candidata à presidência dos EUA Hillary Clinton, famosa por seus terninhos coloridos.

Grose diz que o fato de o visual ser tão uniformizado parece indicar que essas mulheres queiram ser reconhecidas de cara como conservadoras. Suas políticas –contrárias aos direitos dos imigrantes, de ataque aos direitos reprodutivos– já passam esse recado.

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