A Polícia Civil de Minas Gerais afirma que um adolescente de 16 anos é suspeito de ter mantido relações sexuais com a menina de 12 anos que estava grávida e morreu após um parto de emergência em Betim.
A corporação diz ter concluído que houve ato infracional análogo ao crime de estupro de vulnerável e recomendou a aplicação de medida socioeducativa ao adolescente. O caso agora é analisado pelo Ministério Público.
O ato é considerado análogo ao crime de estupro porque foi cometido por uma pessoa menor de 18 anos. Além disso, é definido como estupro de vulnerável porque a vítima é menor de 14 anos.
De acordo com a delegada Patrícia Soares Godoy, “o adolescente admitiu ter mantido relações sexuais com a vítima em pelo menos três ocasiões desde o final de 2024, alegando desconhecer a ilicitude do ato”.
Grávida de oito meses, a adolescente morreu no dia 13 deste mês. O bebê sobreviveu, mas não há informações sobre seu estado de saúde.
As investigações tiveram início em 15 de julho, dois dias após a morte. A adolescente deu entrada em um hospital no dia 11, já em trabalho de parto, e apresentou complicações graves, incluindo hematoma craniano e duas paradas cardiorrespiratórias, segundo a polícia.
Familiares afirmaram em depoimento que a gravidez só foi descoberta por eles uma semana antes dessa internação.
A adolescente, que fazia parte de uma comunidade indígena venezuelana que vive em Betim, não fez acompanhamento pré-natal na rede municipal de saúde. Ela poderia ter tido acesso ao aborto legal, que no Brasil é autorizado em casos de estupro, risco à vida da gestante e anencefalia do feto.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a adolescente procurou atendimento médico pela primeira vez no último dia 10, em uma UBS (Unidade Básica de Saúde). Ela estava acompanhada da mãe e da tia e teria se recusado a responder perguntas da equipe de saúde, mas a tia afirmou que ela sentia enjoo. Foi, então, medicada, e os exames de pré-natal tinham sido marcados para o dia 14, segundo a prefeitura.
No dia 11, porém, a menina deu entrada no Centro Materno-Infantil em estado gravíssimo e foi encaminhada ao CTI (centro de terapia intensiva), onde foi realizado o parto de emergência E morreu dois dias depois.
O município afirma que prestou atendimento psicológico à família e acionou o Conselho Tutelar e o Ministério Público.