Integrantes do governo Lula (PT) criticaram nesta terça-feira (29), durante evento de preparação para a COP30, o tarifaço de Donald Trump e ataques feitos pelo presidente dos Estados Unidos à OMS (Organização Mundial de Saúde).
Na ocasião, ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), também culpou Trump pelo avanço do sarampo nos EUA, que registram recorde de casos em mais de 30 anos. Ele disse que a epidemia foi motivada por “políticas antivacinas, por posturas do atual presidente dos EUA, que se acha chefe do mundo”.
Padilha afirmou que o Brasil tem reforçado a vacinação contra o sarampo e fez doações de componentes da vacina para a Bolívia. “Vivemos um desafio porque, infelizmente, políticas negacionistas, que buscam desmontar os sistemas nacionais públicos de saúde, fazem com que a gente viva hoje no mundo, sobretudo no hemisfério norte, grande surto de casos de sarampo”, declarou o ministro.
Padilha participou da abertura da 5ª Conferência Global de Clima e Saúde, em Brasília. O evento irá preparar uma espécie de esboço do “Plano de Belém sobre Ação para a Saúde”, documento com sugestões de adaptações dos sistemas de saúde às mudanças climáticas e que será levado à COP 30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), marcada para novembro, em Belém (PA).
Durante o mesmo evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que a emergência climática tem sobrecarregado sistemas de saúde e criticou guerras “bélicas” e “tarifárias”, sem citar o presidente Trump.
“Em lugar de estarmos fazendo guerras uns contra os outros, guerras bélicas e tarifárias, minando espaços de cooperação e solidariedade, deveríamos estar fazendo guerra contra os graves problemas de saúde, a pobreza, contra todas as formas de mazelas que estão afetando a humanidade”, afirmou a ministra.
As menções ao tarifaço de Trump foram feitas a quatro dias da aplicação da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos. Se confirmada, a tarifa será uma das maiores do mundo.
O governo Lula (PT) negocia a exclusão de alguns itens do tarifaço. Auxiliares do presidente brasileiro têm dito que não haverá concessão na parte política ligada à medida, que inclui a questão jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou qualquer outra decisão do Judiciário.
Após a abertura do evento de preparação para a COP30, o ministro Padilha disse que não há como participar de eventos ligados à saúde sem criticar a “atitude absurda” de Trump.
“A gente recebe todos os arroubos do presidente Trump com com muita sensatez, alerta, ficando atento aos impactos. Qualquer medida de ataque ao livre comércio, qualquer abuso tarifário, impacta na saúde”, disse Padilha, que mencionou ainda cortes do governo Trump de repasses à OMS (Organização Mundial da Saúde) como outro ataque do presidente ao setor.
No primeiro semestre de 2025, os EUA bateram recorde de casos de sarampo no país em mais de três décadas, segundo um balanço da Universidade Johns Hopkins divulgado em julho. A doença havia sido erradicada no país por causa da imunização. O secretário de Saúde americano, Robert F. Kennedy Jr., acumula declarações contrárias às vacinas, e recentemente demitiu especialistas de comitê consultivo sobre imunização.