Página Inicial Saúde O diabetes me fez repensar a vida – 15/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

O diabetes me fez repensar a vida – 15/07/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, no Brasil, mais de 20 milhões de pessoas têm a doença. Com diabetes tipo 2, faço parte das estatísticas.

No final de agosto de 2024, aos 52 anos, troquei de psiquiatra. Logo na primeira consulta, ele solicitou vários exames de sangue. “Quem tem depressão não se cuida e eu quero criar esse hábito em você”, disse. O médico estava certo. Como não tinha sintomas de doenças, empurrava com a barriga a decisão de investigar possíveis problemas de saúde.

Fiz 27 exames de sangue, além do de urina. Nos resultados, 267 de glicemia e alterações nos marcadores de tireoide e fígado, além de infecção urinária.

Na época, eu enfrentava uma depressão que surgiu na pandemia. Perdi o gosto pela vida e deixei de me cuidar. Em maio de 2023, perdi meu pai para uma pneumonia provocada pelos 65 anos que fumou. Ele tinha diabetes.

A descoberta da doença crônica —causada por níveis elevados de açúcar no sangue, devido à produção insuficiente ou má absorção de insulina— foi um chacoalhão cheio de dúvidas e medos. Repensei minha vida e sobre como a conduzia nos últimos tempos. Se não tratada, a condição pode levar a complicações cardíacas, renais, visuais e no fígado, entre outras.

Um dia após ter acesso aos resultados dos exames, mudei completamente a minha vida. Troquei ultraprocessados por alimentos integrais e dietéticos. Eliminei farinha branca, açúcar, carboidratos, bebidas calóricas. Reforcei a quantidade de frutas, legumes e verduras nas refeições. Procurei um endocrinologista. Marquei a consulta para dali a duas semanas.

Com muita delicadeza, o médico expôs a gravidade do caso. Naquele momento, ele estava certo de que eu seria dependente de insulina para o resto da vida. O doutor receitou remédios, recomendou que continuasse com dieta saudável e atividade física, e solicitou que retornasse dois meses depois, com novos exames.

O endocrinologista deixou claro que se eu não fizesse exercício pelo menos cinco vezes na semana, teria problemas cardíacos.

Atividade física é prazerosa. Muito pequena —com cerca de cinco anos— pedia aos meus pais para entrar no balé. Eu tinha mania de colocar meia soquete dobrada nos sapatos para tentar ficar na ponta dos pés. Minha avó materna era pianista e concertista. Cresci com música clássica. Não quis aprender piano. Escolhi entregar o meu amor à dança.

Aos sete anos, entrei para o balé. Parei aos 18 e segui tendências. Veio a moda da aeróbica, do step, das várias outras modalidades de ginástica e eu encarei todas. Sempre gordinha.

Até a pandemia de Covid, nunca parei com os exercícios —dança, treinamento funcional, musculação, corrida de rua, HIIT —do inglês “high intensity interval training” (treino intervalado de alta intensidade, em português).

A chegada do coronavírus interrompeu a vida fitness, trouxe a depressão, crises de ansiedade e muitos quilos. Com o diagnóstico de diabetes, eu precisava decidir se queria viver (e bem).

Voltei de vez para a academia. Frequento de terça a domingo. Pratico dança, body pump (espécie de musculação) e step. Não tomo medicação para emagrecer. É consequência de bons hábitos.

A cada consulta com o endócrino, a balança mostra menos peso —já se foram 25 quilos— e a glicemia diminui. Hoje, está na casa dos 98 —em setembro era 267. Normalizei a tireoide e consegui reverter a gordura no fígado em dois meses, apenas com as mudanças na alimentação. Meus rins estão perfeitos.

Retomei o gosto pela vida, sou outra pessoa. A ansiedade desapareceu. Sinto-me feliz e cheia de energia. Treino muito, como com moderação —a pizza com a minha mãe aos sábados é liberada. Não tenho mais o cansaço nem a sensação de esgotamento do passado.

O psiquiatra e o endocrinologista salvaram a minha vida. Ambos discordam da afirmação. Segundo eles, o mérito é meu.

O diabetes não tem cura, mas você pode controlá-lo. A pergunta que mais me fazem é: “você não passa vontade das coisas?”. A resposta é não.

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