O comentarista Caio Coppolla e o advogado e professor de direito constitucional Alessandro Soares discutiram, nesta segunda-feira (5), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira, às 23h), a fala do governador da Bahia contra os bolsonaristas.
Em discurso durante uma agenda no município de João Dourado, na última sexta-feira (2), o petista disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus eleitores fossem levados “para a vala”.
Jerônimo fez críticas a Bolsonaro pela atuação do então presidente na pandemia. “Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia, sentindo falta de ar”.
Copolla entende que a fala do governador mostra um lado intolerante do governador da Bahia. “Alguém precisa avisar o [governador] da Bahia que, se ele tem acesso a provas de eventuais crimes cometidos durante a pandemia, ele tem todas as condições pra denunciar e pedir para investigar a gestão passada, do ex-presidente Bolsonaro.”
Para Alessandro Soares, o discurso prejudica as alas mais democráticas da esquerda. O tom mais violento da fala, segundo ele, não faz parte do que prega.
“Se a gente vir a retórica do ex-presidente Jair Bolsonaro, ou da extrema-direita, essa manifestação com referência a violência, de uma forma mais explícita, já compõe um retrato comum. E mesmo considerando que o governador pediu desculpa, que disse que foi descontextualizado, mesmo numa referência à pandemia, ainda assim tem um certo impacto. Isso não é esperado de um governador de esquerda e isso causa um desconforto para esse setor do espectro político”, explica.
Em reação à declaração de Jerônimo Rodrigues, o deputado estadual Leandro de Jesus, do PL, protocolou um pedido de impeachment contra o governador. No documento, o deputado destaca que a frase de Jerônimo “remete a práticas de genocídio e violação em massa dos direitos humanos, sendo absolutamente incompatível com os postulados do Estado Democrático de Direito”
Coppolla defende que esse pedido é simbólico porque representa o descontentamento da oposição na Bahia em relação ao caso. “É a reprovação ao comportamento, à postura e à fala do governador petista”, disse.
Já Alessandro, não acredita que o episódio gere uma punição por um crime de responsabilidade a Jerônimo Rodrigues.
“Eu acho muito difícil pelo contexto. Quando nós falamos de uma situação que alguém pode ser punido dentro do Estado de Direito, e quando a gente fala do impeachment e do crime de responsabilidade, a gente tem que imaginar que a sanção da perda do cargo só aparece como possível quando tem uma situação extremamente gravíssima”.