Página Inicial Saúde O que saber sobre os microplasticos – 29/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

O que saber sobre os microplasticos – 29/05/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Manchetes recentes levantaram preocupações sobre microplásticos em nossos corpos e os danos que eles podem estar causando.

Cientistas dizem que podem levar anos até termos uma compreensão completa de como essas minúsculas partículas de plástico estão afetando a saúde humana. Mas sabemos que elas foram encontradas desde as profundezas da Fossa das Marianas até os picos do Monte Everest. E sabemos que o plástico também está se acumulando em nossos corpos.

“O ar que respiramos, a água que bebemos, a comida que comemos —está neles”, diz Richard Thompson, biólogo marinho da Universidade de Plymouth que cunhou o termo microplásticos em um artigo de 2004. “Estamos expostos.”

O que são microplásticos?

Cientistas geralmente definem microplásticos como pedaços com menos de 5 mm de comprimento. Os nanoplásticos, que medem menos de 1 micrômetro, são os menores destes e os mais propensos a entrar em nosso sangue e tecidos.

Os microplásticos vêm principalmente de plásticos maiores, que se degradam com o uso ou quando não são descartados adequadamente, diz Jeffrey Farner, professor assistente de engenharia civil e ambiental da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual da Flórida e da Universidade A&M da Flórida.

“Usamos plásticos em áreas ou de maneiras que se prestam à produção de microplásticos ou à degradação ao longo do tempo”, diz Farner —por exemplo, em materiais de construção que são expostos ao ar livre; em tubulações que geram microplásticos quando são cortadas; e na agricultura, como cobertura plástica ou em sistemas de irrigação.

Mais de um terço do plástico produzido hoje é para embalagens, incluindo itens de uso único como recipientes de alimentos que acabam virando lixo. Uma sacola plástica ou garrafa descartada que chega ao oceano ou a uma praia é atingida por luz ultravioleta, calor e abrasão da areia. A partir daí, a sacola ou garrafa “vai se decompor em um número enorme de micro e nanoplásticos”, afirma.

Como eles entram em nossos corpos?

Esses micro e nanoplásticos acabam em nosso ar, solo, água e alimentos. O desgaste dos pneus de nossos carros, por exemplo, produz partículas que poluem o ar e a água. Microplásticos filtrados das águas residuais acabam em lodo que é então usado como fertilizante. Filtros de cigarro de plástico chegam a lagos e oceanos, onde se degradam com o tempo.

Os humanos respiram essas partículas e as ingerem. Algumas pesquisas sugerem que as plantas os absorvem diretamente do solo e os incorporam em suas raízes, diz Christy Tyler, professora de ciências ambientais no Instituto de Tecnologia de Rochester. Quanto mais alto um animal está na cadeia alimentar, maior a concentração de microplásticos que provavelmente será encontrada dentro dele. Os microplásticos também são mais comuns em alimentos altamente processados, potencialmente devido à contaminação de máquinas de processamento ou até mesmo das roupas dos trabalhadores.

Os cientistas têm uma compreensão limitada sobre se os microplásticos podem penetrar na pele, e se sim, como, diz Tracey Woodruff, diretora do programa de saúde reprodutiva e meio ambiente da Universidade da Califórnia, São Francisco.

Mas, diz Woodruff, algumas evidências sugerem que podemos absorver microplásticos —e produtos químicos nocivos dentro deles— de produtos de cuidados pessoais, como cosméticos, e de nossas roupas, que liberam fibras à medida que nos movemos.

Nossos corpos parecem eliminar alguns desses microplásticos, particularmente os maiores. Microplásticos foram encontrados em fezes e urina humanas.

Jacques Robert, professor de microbiologia e imunologia, e de medicina ambiental, da Universidade de Rochester, diz que sua própria pesquisa com girinos alimentados com microplásticos descobriu que cerca de 60% a 70% do plástico era excretado. (Essa pesquisa ainda não foi publicada.)

Outros estudos sugeriram que o plástico não excretado nos resíduos parece passar do intestino para o sangue, e de lá pode migrar para outros órgãos, incluindo o fígado e o cérebro.

O que sabemos sobre os efeitos na saúde?

Estudos em animais indicam que os microplásticos podem prejudicar a reprodução, particularmente a qualidade do esperma. Eles também podem afetar o funcionamento dos pulmões e do intestino e podem aumentar o risco de câncer de pulmão e cólon, diz Woodruff, que realizou uma revisão da pesquisa.

A pesquisa de Robert em girinos também mostrou que os microplásticos podem enfraquecer o sistema imunológico.

Pode ser difícil extrapolar os efeitos em humanos a partir de estudos em animais, diz Tyler, uma vez que o tipo e a quantidade de plásticos dados aos animais em ambientes experimentais geralmente diferem da exposição crônica e de baixo nível a partículas desgastadas que experimentamos.

Dito isso, há pesquisas iniciais em humanos mostrando ligações entre microplásticos e partos prematuros, inflamação e doenças cardiovasculares. E há evidências bem estabelecidas de que alguns produtos químicos nos plásticos são prejudiciais aos humanos. Estes incluem substâncias per e polifluoroalquílicas, ou PFAS, algumas das quais foram rotuladas como cancerígenos humanos conhecidos ou prováveis. Eles também incluem bisfenol A e ftalatos, que interrompem a função hormonal normal.

Como podemos reduzir a exposição?

Uma das medidas mais eficazes pode ser simplesmente não beber de garrafas plásticas de água, especialmente se elas estiverem expostas ao sol, diz Woodruff.

Outra é evitar aquecer alimentos em recipientes de plástico. Especialistas recomendam mudar para recipientes de vidro ou aço para armazenamento de alimentos, ou pelo menos transferir os alimentos para um prato de vidro ou cerâmica antes de aquecer.

Comer mais frutas e vegetais frescos também pode ajudar. Alimentos embalados e altamente processados contêm muito mais microplásticos, e as partículas também podem estar concentradas em peixes e carnes.

Aspirar regularmente sua casa e usar um purificador de ar com filtro HEPA pode reduzir a quantidade de microplásticos que você inala, diz Tyler, e limpar superfícies com um pano úmido pode evitar que as partículas voltem para o ar.

Lavar roupas feitas de fibras sintéticas, como acrílico ou nylon, antes de usá-las pela primeira vez também pode ajudar a reduzir sua própria exposição, eliminando os microplásticos deixados pelo processo de corte e costura. (Fazer isso, no entanto, também introduz microplásticos nas águas residuais.) Roupas feitas de fibras naturais, como algodão ou lã, evitam completamente o problema dos microplásticos.

Essas medidas têm limitações, no entanto. O plástico é onipresente e muitas vezes a opção mais acessível. “Não deveria ser tudo responsabilidade do consumidor ter que fazer essas escolhas”, diz Tyler. Também não está totalmente claro se evitar garrafas de água de plástico ou tábuas de corte reduzirá significativamente sua exposição ao longo da vida quando os resíduos plásticos se acumularam em nosso solo, ar e água.

Especialistas dizem que os governos teriam que regular e reduzir os plásticos não essenciais para interromper esse acúmulo. Alguns já o fizeram. Os Estados Unidos e a Europa proibiram o uso de microesferas em cosméticos, por exemplo, e vários estados dos EUA estão eliminando gradualmente o isopor em embalagens de alimentos. E 175 países concordaram em criar um tratado das Nações Unidas para acabar com a poluição plástica.

Em comparação com as atitudes de 20 anos atrás, diz Thompson, agora há “um apetite público” por mudanças.

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