O aumento da demanda por medicamentos usados para tratar obesidade, como semaglutida e tirzepatida, está crescendo no Brasil. Crescem, também, relatos de crimes ligados a esses remédios, como roubos a farmácias e tráfico internacional de canetas emagrecedoras. O alerta vem do periódico científico The Lancet.
Segundo o levantamento apresentado na publicação, cerca de 8.000 canetas de tirzepatida foram apreendidas desde junho do ano passado. Os dados são da Receita Federal.
A tirzepatida, com nome comercial Mounjaro, foi aprovada pela Anvisa para tratamento de diabetes em setembro de 2023. O medicamento chegou ao Brasil em maio de 2025.
No mesmo ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância e Saúde) aprovou o Wegovy, a base de semaglutida. É a mesma substância do Ozempic.
No mês passado, a Anvisa passou uma nova diretriz que exige receita médica com duas vias para as substâncias semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida, presentes nas canetas emagrecedoras.
Além disso, 39 farmácias foram roubadas em 2024 em comparação com apenas um caso em 2022.
Segundo a Lancet, a atratividade da venda ilegal das canetas emagrecedoras se deve a uma “tríade de benefícios para a saúde […], alto custo […] e baixa disponibilidade nas farmácias”. Uma única dose de tirzepatida, diz o artigo, pode chegar a US$ 1.700 no mercado irregular, cerca de R$ 9.700 na cotação de hoje.
As agências regulatórias brasileiras estabeleceram um preço máximo de R$ 3.791 pelo tratamento mensal. A expectativa, segundo o artigo, é que isso mine a margem de lucro dos vendedores ilegais.