Página Inicial Saúde ONGs alertam para risco de câncer por uso de glifosato – 12/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

ONGs alertam para risco de câncer por uso de glifosato – 12/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Várias ONGs ambientalistas europeias pediram, nesta quinta-feira (12), a proibição do glifosato após a publicação de um estudo que estabelece um vínculo entre o desenvolvimento de câncer em ratos e a exposição ao herbicida.

“Claramente, o glifosato não atende aos requisitos de segurança da legislação europeia”, disse Angeliki Lysimachou, cientista responsável pela organização Pan Europe, em uma declaração conjunta com a ONG francesa Générations Futures.

As ONGs reagiram a um estudo publicado na terça-feira (10) na revista Environmental Health, que estabeleceu um vínculo, em ratos, entre o surgimento de câncer (particularmente leucemia) e a exposição ao glifosato, seja puro ou em formulações comerciais, como o Roundup da Bayer.

O glifosato foi reautorizado na União Europeia em 2023, mas seu impacto na saúde é controverso.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) o considera um cancerígeno “provável”, mas as agências de saúde europeias apontam que o risco não é “crítico”. Essas divergências são parcialmente explicadas pelos estudos considerados.

O estudo publicado na terça, liderado pelo pesquisador italiano Daniele Mandrioli, foi conduzido em centenas de animais expostos ao glifosato em níveis considerados seguros pelas autoridades europeias.

No entanto, “o glifosato e os herbicidas à base de glifosato (…) causaram um aumento, proporcional à dose administrada, de tumores malignos e benignos em ratos de ambos os sexos”, observaram os pesquisadores.

Isso não significa necessariamente que o glifosato seja cancerígeno em humanos, mas os pesquisadores acreditam que os resultados são consistentes com estudos epidemiológicos que estabeleceram uma correlação real entre a exposição a esse herbicida e o desenvolvimento de câncer.

Um estudo publicado no ano passado pela revista científica Neuroinflammation mostrou que o herbicida glifosato, um dos agrotóxicos mais usados no mundo todo, pode causar danos duradouros ao cérebro.

O que os cientistas identificaram foi uma associação entre uma exposição de ratos ao pesticida e os sintomas de neuroinflamação, assim como uma piora da patologia semelhante à doença de Alzheimer, morte prematura e comportamentos semelhantes à ansiedade.

Os trabalhadores agrícolas são mais expostos ao glifosato por inalação ou contato com a pele, mas devido ao seu uso generalizado, o produto químico é encontrado em toda a cadeia alimentar.

Princípio ativo de centenas de herbicidas no mercado, ele age inibindo a ação de uma enzima usada pelas plantas invasoras para realizar fotossíntese. Os animais não possuem essa enzima, então, em tese, não deveriam ser afetados pela substância.

Essa suposta segurança, aliada ao desenvolvimento de soja geneticamente modificada resistente aos efeitos do glifosato, fez com que ele se espalhasse rapidamente pelo mundo e se tornasse amplamente usado.

No entanto, em 2015, a Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer), parte da OMS, concluiu com base em centenas de pesquisas que o glifosato era “provavelmente cancerígeno” para humanos.

Já a EPA (agência de proteção ambiental americana) continua a insistir que o glifosato é seguro quando usado corretamente. Na Europa, a agência ambiental alemã corroborou essa avaliação da EPA. E os últimos estudos da EFSA (Autoridade Europeia de Segurança Alimentar) e da ECHA (Agência Europeia de Produtos Químicos) foram positivos para a substância.

Por causa disso, a Comissão Europeia autorizou o uso do glifosato no continente até 2022. No Brasil, o glifosato também é permitido, mas está sob reavaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2008.

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