Uma classe de medicamentos conhecidos como inibidores da Janus quinase, ou JAK, que funcionam desacelerando o sistema imunológico, deve ser a terapia de primeira linha para pacientes hospitalizados com Covid, relatam pesquisadores no periódico científico The Lancet Respiratory Medicine.
Os pesquisadores analisaram os resultados individuais de quase 13 mil adultos hospitalizados por Covid que participaram de 16 ensaios clínicos randomizados comparando inibidores de JAK a outros medicamentos ou placebos entre maio de 2020 e março de 2022.
No geral, 11,7% dos pacientes que receberam inibidores de JAK morreram até o dia 28, em comparação com 13,2% daqueles que receberam outros tratamentos, como o esteroide dexametasona ou medicamentos que bloqueiam a sinalização da proteína inflamatória IL-6.
Após considerar os fatores de risco individuais, as chances de morte até o dia 28 foram 33% menores no grupo de inibidores de JAK.
“Esses resultados devem informar as diretrizes de tratamento da Covid-19 da OMS (Organização Mundial da Saúde), tanto nos EUA quanto na Europa”, diz um editorial publicado junto com o estudo. “Embora a pandemia tenha passado e a doença não esteja tão disseminada como estava anteriormente, atrasos na disseminação e adoção de práticas de tratamento baseadas nas melhores evidências só podem ser prejudiciais.”
Os inibidores de JAK incluem o Xeljanz (tofacitinibe) da Pfizer, o Olumiant (baricitinibe) da Eli Lilly e o Rinvoq (upadacitinibe) da AbbVie.
Os inibidores de JAK também diminuíram a necessidade de nova ventilação mecânica ou outro suporte respiratório, e permitiram alta hospitalar mais rápida em cerca de 1 dia, com menos eventos adversos graves.
Os resultados foram verdadeiros independentemente do status de vacinação contra Covid dos pacientes.
“A certeza da conclusão dos autores de que a terapia inibidora de JAK para o tratamento de pacientes internados por Covid proporciona um benefício significativo de mortalidade é ainda mais apoiada quando a análise é limitada a estudos controlados por placebo”, diz o editorial.