Atividade econômica brasileira registrou um crescimento de 1,4% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses de 2024. Lula durante evento O Brasil Dando a Volta Por Cima
Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O Brasil está entre os países que mais cresceram no primeiro trimestre deste ano. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do país subiu 1,4% no período em relação aos três últimos meses de 2024.
O resultado, puxado principalmente pelo bom desempenho do agronegócio, ultrapassou o crescimento de todas as economias da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da zona do euro, da União Europeia e do G7 — grupo com as sete maiores economias do mundo.
Segundo dados divulgados na semana passada, a OCDE registrou um crescimento de 0,1% nos três primeiros meses deste ano, em uma forte desaceleração em comparação ao quarto trimestre do ano passado, quando subiu 0,5%.
“A taxa geral de crescimento do PIB também desacelerou para o G7 no primeiro trimestre, de 2025, de 0,4% para 0,1%, refletindo um quadro misto entre os países do grupo”, informou a OCDE em comunicado oficial. A zona do euro e a União Europeia, por sua vez, registraram crescimento de 0,3% cada no período.
Entre as economias da OCDE que já divulgaram o PIB do período, 17 países apresentaram uma desaceleração do crescimento econômico nos três primeiros meses do ano. Desse total, quatro países registraram uma queda da atividade econômica no período. Veja a lista abaixo:
Brasil cresce menos do que a China, mas mais do que os EUA
O crescimento da economia brasileira também superou a dos Estados Unidos, que registrou uma queda de 0,1% nos primeiros três meses do ano.
Segundo a OCDE, parte do resultado reflete o forte aumento das importações de bens no país, que subiram 10,8% no período — no trimestre anterior, houve uma contração de 1,3%.
“O aumento nas importações de bens dos EUA, provavelmente influenciado por mudanças antecipadas nas tarifas comerciais, foi o principal obstáculo ao crescimento”, disse a OCDE em comunicado.
Desde que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou as chamadas “tarifas recíprocas” para seus parceiros comerciais, as empresas dos EUA aumentaram a compra de produtos vindos do exterior e completaram seus estoques. A medida vem como uma tentativa de driblar as tarifas — e, consequentemente, o aumento de preços.
Esse movimento, inclusive, já pode ser visto no Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), divulgado pela S&P Global. O indicador é medido com base em pesquisas mensais feitas com companhias do setor privado, e ajudam a dar uma dimensão do otimismo dos empresários sobre a economia.
O PMI composto dos EUA, que considera os setores de manufatura e de serviços, aumentou de 50,6 em abril para 52,1 em maio, indicando uma expansão do setor privado.
“Pelo menos parte da recuperação em maio pode estar ligada ao fato de as empresas e seus clientes terem procurado se antecipar a outras possíveis questões relacionadas a tarifas, principalmente o potencial para futuros aumentos de tarifas depois que a pausa de 90 dias expirar em julho”, disse Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence à Reuters.
Já a China, outro grande parceiro comercial brasileiro e um dos países mais afetados pelas tarifas dos EUA, cresceu 5,4% entre janeiro e março.
Nesse caso, o resultado também refletiu o aumento de tarifas anunciados por Trump. Com um maior número de empresas tentando se antecipar às tarifas para formar estoques, as exportações da China subiram acentuadamente e acabaram impulsionando o PIB da segunda maior economia do mundo.
PIB cresce 1,4% no primeiro trimestre de 2025