Página Inicial Saúde População deixa de ir ao médico por demora em atendimento – 25/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

População deixa de ir ao médico por demora em atendimento – 25/04/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Um levantamento feito pelas organizações Vital Strategies e Umane, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e apoio do Instituto Devive e do Resolve to Save Lives avaliou a percepção da população sobre o acesso e qualidade da APS (Atenção Primária à Saúde) no SUS (Sistema Único de Saúde).

O levantamento faz parte do projeto “Mais Dados Mais Saúde”, que visa realizar de dois a três levantamentos anuais de diferentes temas, ligados direta ou indiretamente com à saúde brasileira.

Thais Junqueira, superintendente geral da Umane, explica que o objetivo é avançar na coleta de informações capazes de auxiliar no aprimoramento de políticas públicas em saúde.

Participaram 2.458 pessoas, de 18 anos ou mais, de todas as regiões do país, usuárias tanto da rede pública quanto da rede privada. O formulário foi divulgado e preenchido de forma totalmente online.

“A grande vantagem é ser muito rápido e o custo é menor. Em 14 dias conseguimos uma amostra do Brasil inteiro”, diz Luciana Sardinha, diretora-adjunta de doenças crônicas não transmissíveis da Vital Strategies.

Os dados mostram que 62,3% da população que precisou de atendimento médico não o buscou. Dentre os motivos estão a superlotação e demora no atendimento (46,9%), burocracia no encaminhamento (39,2%), automedicação (35,1%) e a crença de que a doença não é grave (34,6%).

Por outro lado, das pessoas que buscaram ajuda médica no mesmo período, 40,5% apontam que não conseguiram atendimento. Os desafios encontrados alternam entre o tempo longo de espera (62,1%), falta de equipamentos (34,4%), falta de profissionais adequados (30,5%) e falta de atenção (29%).

“Esses obstáculos comprometem diretamente a qualidade do atendimento e afastam a população do cuidado contínuo e preventivo”, afirma Thais.

“Existe também uma necessidade de mais informação e educação em saúde, uma vez que uma parte expressiva da população deixa de procurar atendimento por considerar o problema de saúde pouco grave ou por optar pela automedicação.”

Outro aspecto avaliado na percepção dos usuários foi a qualidade do serviço prestado no último atendimento que realizaram, seja na rede pública ou na rede privada. Segundo o estudo, os participantes avaliaram seis dos oito aspectos como positivos, em ambas as modalidades de serviço.

Os aspectos avaliados positivamente foram a privacidade e confidencialidade (79,2%), entendimento das explicações fornecidas (75,1%), confiança no profissional (67,8%), oportunidade de questionamento (64,4%), participação nas decisões sobre cuidados/tratamento (59,8%) e duração da consulta (56,3%).

Já os aspectos negativos avaliados foram o tempo de espera para ser atendido (57,6%) e facilidade de encaminhamento (51,5%). Esses aspectos negativos estão ligados aos motivos pelos quais o estudo aponta que as pessoas não buscam ou não conseguem acessar os serviços.

Apesar dos dados mostrarem o descontentamento da população com a demora do atendimento e as burocracias, a avaliação geral positiva destaca um avanço para a saúde.

“Quando o cuidado acontece, ele tende a ser humanizado, acolhedor e baseado em vínculo. Isso é a essência dos princípios do SUS [Sistema Único de Saúde], fruto da evolução do sistema ao longo das últimas décadas”, fala Thais. Para que os desafios sejam superados, a superintendente da Umane sugere organizar os processos de trabalho e trazer dados que apoiem a gestão e o cuidado.

Luciana explica que os dados levantados são evidências que fortalecem argumentos para que sejam criadas políticas públicas em saúde e promover a equidade e integralidade do cuidado. “Estamos discutindo com o Ministério da Saúde, da Justiça e com os gestores para que a gente consiga melhorar a qualidade e o acesso aos serviços”, explica.

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