Empresas não são claras sobre políticas de moderação. Questionadas por Tilt, nenhuma das redes sociais procuradas (TikTok, Instagram e YouTube) informou quantos moderadores trabalham na plataforma para cuidar de posts em português. TikTok disse que existem mais de 40 mil profissionais de segurança na rede social e que o conteúdo é analisado em mais de 70 idiomas, sem especificar.
Já questionei ao TikTok quantos perfis de pessoas com menos de 13 anos foram derrubados no Brasil, mas eles não enviam os dados. Os estudiosos não sabem nem quantos humanos atuam na plataforma como moderadores para língua portuguesa.
Maria Mello, coordenadora do eixo digital do Instituto Alana
Modelo de negócio prioriza engajamento e lucro. “O objetivo é manter o usuário engajado. Se ele está engajado, permanece mais tempo utilizando a plataforma. Com isso, aumentam as oportunidades de publicidade, o que reflete no faturamento”, explica Almeida.
Desafios chocantes geram visualizações e retêm atenção, o que alimenta o algoritmo de impulsionamento. Segundo os especialistas ouvidos por Tilt, não investir em moderação é uma escolha deliberada. “Gasta-se menos, lucra-se mais”, resume Maria Mello. “Mesmo que esses posts não sejam os que mais ‘viralizam’ nas redes sociais, o ato de não investir em moderação de conteúdo é um modelo de negócio.”
O que pode ser feito
Governo busca regulação das redes sociais. As mortes das meninas reacenderam o debate sobre regras e punições, e o governo Lula elabora um projeto de lei que prevê proteção adicional a crianças e adolescentes —-o Marco Legal da Proteção dos Usuários de Serviços Digitais. O objetivo é “garantir a proteção das famílias e dos consumidores e a confiabilidade do ambiente de negócios”, segundo o Ministério da Justiça. Proposta vem depois de o PL das Fake News fracassar no Congresso.