Lançada no último dia 1º, a Pesquisa Psicodélica Global (GPS2025) está recebendo até o próximo dia 16 a participação de psiconautas com pelo menos 21 anos. É a primeira vez que se realiza a enquete com questionários em várias línguas, tornando-a verdadeiramente global.
Na edição anterior, de 2023, as perguntas estavam disponíveis somente em inglês. Participaram 6.379 anglófonos de 85 países usuários de LSD, psilocibina (cogumelos), dimetiltriptamina (a DMT da ayahuasca e da jurema-preta), mescalina (cactos peiote e San Pedro) –os chamados psicodélicos clássicos– e outras sete substâncias.
Ao clicar no link da GPS2025, o psiconauta no Brasil é automaticamente conduzido para a versão em português do questionário. Prepare-se para permanecer pelo menos 20 minutos a meia hora online, se não mais, porque dependendo de certas características demográficas (cor, gênero etc.) podem surgir na tela novas bateladas de questões.
Dois anos atrás, a enquete revelou uma forte preferência por fontes naturais de psicodélicos. Em vez de psilocibina sintética, 75% dos participantes davam preferência a cogumelos Psilocybe cubensis, entre outros, e 56% favoreciam ingerir DMT em bebidas como ayahuasca e vinho da jurema (outra possibilidade é fumar a substância extraída da jurema-preta, Mimosa tenuiflora, na forma de changa).
Na versão deste ano foram incluídas seções como a de danos potenciais, agudos ou de longo prazo, que os respondentes de fato tenham experimentado (o que parece ser mais raro do que pensa o senso comum). Outros temas introduzidos focalizaram o uso de psicodélicos na gravidez e por povos indígenas, assim como contatos com entidades autônomas reportados por alguns psiconautas.
O propósito do estudo é produzir um retrato mais realista das práticas de consumo de psicodélicos, ou o que pesquisadores chamam de condições naturalistas de uso. “Usuários de psicodélicos detêm experiências que são valiosas para o desenvolvimento de políticas e práticas que podem melhorar o acesso seguro a tais substâncias tanto para aplicações médicas quanto não médicas”, diz a apresentação preparada pela patrocinadora Open Foundation, da Holanda.
“Essas experiências individuais com estados alterados são profundamente pessoais e com frequência de grande impacto e importância para aqueles que as vivem, e o uso de psicodélicos pode variar de região para região, de cultura para cultura, e de uma pessoa para outra.”
A nova versão da pesquisa, orçada em US$ 60 mil (R$ 340 mil) resulta do trabalho de uma equipe da Universidade de Michigan liderada por Jacob Aday, Stephanie Lake e Philippe Lucas. Na versão para o Brasil colaboraram Túlio Alvarenga-Castro, João Ariel, Handersson Barros, Dráulio Barros de Araújo, Marcelo Falchi, Luís Fernando Tófoli, Lucia Levenberg, Fernanda Palhano-Fontes, Tulio Pereira, Julio Silva e Guilherme Soriano Adan.
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