Página Inicial Saúde Saúde prevê trocar até 50% das dívidas por serviços ao SUS – 24/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

Saúde prevê trocar até 50% das dívidas por serviços ao SUS – 24/06/2025 – Equilíbrio e Saúde

Publicado pela Redação

Principal aposta do governo Lula (PT) para a área da saúde, o programa Agora Tem Especialistas prevê abater até 50% das dívidas de hospitais privados e filantrópicos por meio da troca de serviços prestados ao SUS (Sistema Único de Saúde).

O percentual se aplicará aos hospitais com dívidas inferiores a R$ 5 milhões.

As unidades com débitos entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões poderão trocar até 40% dos valores cobrados pelo governo. Já os hospitais com dívidas acima de R$ 10 milhões terão desconto de até 30%.

Os percentuais foram apresentados nesta terça-feira (24) à imprensa pelos ministros da Saúde, Alexandre Padilha (PT), e da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

O governo abrirá nos próximos dias um edital para credenciar hospitais que desejam aderir ao programa. O ministro da Saúde disse que os primeiros atendimentos de pacientes do SUS em unidades privadas devem ser feitos em agosto.

O programa também estabelece que os hospitais credenciados devem oferecer consultas, cirurgias, exames e outros procedimentos que somam ao menos R$ 100 mil em produção para o SUS. O valor cai a R$ 50 mil nos casos de serviços para regiões com menos instituições privadas.

O governo espera mobilizar R$ 2 bilhões por ano em trocas de dívidas de hospitais privados e filantrópicos por serviços ao SUS.

O ministro Haddad disse que o programa “não estimula a inadimplência” e “cria ambiente para sanear instituições históricas”, como hospitais filantrópicos. Ele afirmou que a medida é uma “mistura” de Prouni (Programa Universidade para Todos) com o Desenrola, que foi lançado no governo Lula para facilitar renegociações de dívidas.

Ao enviar a MP (medida provisória) ao Congresso, o governo afirmou que a compensação para a renúncia de receita seria feita com o decreto que elevou alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Padilha disse que a eventual derrubada do decreto não deve atingir o Agora Tem Especialistas, e que o governo pode fazer ajustes ao texto e dialogar com o Congresso.

Os hospitais que aderirem ao programa terão suspensão da cobrança de juros e multas por 6 meses. O programa ainda prevê melhores condições dos parcelamentos dos valores devidos.

O ministério afirma que os serviços oferecidos por esses hospitais serão distribuídos a partir de debates com estados e municípios. Em outra etapa do programa, o governo confirmará que os procedimentos foram executados para calcular o valor dos serviços e abater os valores devidos pelos estabelecimentos.

Nos casos em que o hospital não tem dívida, o crédito financeiro poderá ser usado para abatimentos de tributos.

Os créditos serão abatidos a partir de janeiro de 2026, pois devem ser registrados no Orçamento.

O governo ainda pretende converter R$ 2,4 bilhões por ano dos valores devidos por operadoras de planos de saúde. A Saúde deve detalhar esse eixo do programa nas próximas semanas.

No fim de maio, o presidente Lula (PT) assinou a MP que cria o “Agora Tem Especialistas”. Além da troca de dívidas do setor privado, o programa permite que o Ministério da Saúde contrate serviços diretamente em estados e municípios. A medida rompe com a lógica vigente desde a criação do Sistema Único de Saúde, na qual o Ministério da Saúde atuava principalmente transferindo recursos para secretarias locais de saúde executarem os serviços.

A troca de dívidas e a contratação de serviços pelo ministério levanta desconfianças de gestores de saúde e setores da esquerda sobre uma ruptura com pilares do SUS. Em entrevista à Folha, Padilha disse que está superado o debate sobre parcerias com o setor privado.

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