Página Inicial Saúde Transtornos alimentares podem ter diagnóstico tardio – 11/07/2025 – Não Tem Cabimento

Transtornos alimentares podem ter diagnóstico tardio – 11/07/2025 – Não Tem Cabimento

Publicado pela Redação

Apesar de a cultura da magreza extrema preocupar especialmente entre os jovens, os transtornos alimentares podem acometer pessoas em qualquer faixa etária. Doenças como anorexia, bulimia e compulsão alimentar são psiquiátricas e decorrentes de fatores genéticos e socioculturais, sem restrição de idade.

De acordo com pesquisa de 2019 divulgada pelo periódico The Journal of the American Medical Association, cerca de 1 em 7 homens e 1 em 5 mulheres norte-americanos apresentam transtornos alimentares aos 40 –o dobro do identificado em pessoas aos 21.

O psiquiatra Fábio Salzano, vice-coordenador do Ambulim, diz que os sintomas desses transtornos podem ser mais brandos em algumas fases, inviabilizando um diagnóstico na juventude. Assim, é mais provável que pessoas acima dos 40 convivam com algum transtorno do tipo desde cedo, sem transparecer às pessoas próximas.

É o caso da arquiteta Bruna (nome fictício), 44, que se viu diante de hábitos e dietas cada vez mais restritas a partir de 2007, quando se mudou de São Paulo para o interior do estado. As restrições tornaram-se drásticas, ela ficou cada vez mais magra e adoeceu. “Era repreendida pela família: ‘todos comendo macarrão e você, salada’”, diz. Faz quase um ano que ela conseguiu voltar a comer massas.

Apesar de reinserir alimentos em seu cardápio, o medo de “ganhar 3 kgs imediatamente” continua; ela também busca esconder seu corpo com roupas largas pois, ao mesmo tempo que a doença se mantém, ela não quer que identifiquem sua magreza. Embora faça acompanhamento psicológico há mais de 15 anos, foi apenas há três, após um divórcio, que começou o tratamento contra a anorexia.

Isso condiz com a faixa etária, diz o ginecologista José Maria Soares Júnior, diretor da Sogesp e professor da USP. A fase de flutuação hormonal que leva à menopausa e as mudanças corporais subsequentes podem ser gatilhos para as mulheres. Ele enfatiza que a superexposição, há décadas, a materiais midiáticos que estimulam a busca por um corpo cada vez mais magro deve ser considerada. Nessa fase, há mulheres que demonstram mais medo de ganhar peso e envelhecer do que de ter câncer de mama, diz o médico ao blog.

Além dos aspectos fisiológicos, as mulheres também lidam com mudanças nos relacionamentos familiares: divórcio, saída dos filhos de casa, mudança na relação de trabalho, entre outros. Por isso contar com apoio psicológico para enfrentar essas mudanças é essencial, alerta.

Com o envelhecimento, outros riscos estão associados. De acordo com o artigo “Distúrbios Alimentares na Meia Idade”, publicado no periódico “Harvard Women’s Health Watch” em 2022, a saúde dos ossos pode ser impactada em pacientes com transtornos alimentares, com aumento de até 7 vezes no risco de fraturas. A predisposição a doenças cardíacas também é intensificada devido ao baixo nível de eletrólitos –o risco é maior entre pessoas que tomam medicamentos para doenças crônicas. A purgação repetida pode afetar os pulmões, aumentando o risco de pneumonia e problemas gastrointestinais. Pacientes também podem manifestar diabetes.

Nos anos 2010, a publicação “Transtornos alimentares em idosos” da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos revisou dezenas de casos, apontando que o início tardio de transtornos alimentares (na faixa de 50 a 94 anos) seria mais comum do que na juventude. No entanto, comentário publicado em seguida contesta a publicação, indicando que os estudos dedicados aos transtornos alimentares em idosos são poucos, o que impossibilita o desenvolvimento de um acompanhamento e tratamentos


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