A prática de atividades físicas, mesmo que somente duas vezes por semana, diminui os riscos de morte para pacientes com diabetes, aponta um estudo publicado nesta segunda-feira (21). A conclusão corrobora evidências anteriores dos benefícios de exercícios físicos para pessoas com diabetes, ainda que eles sejam praticados poucas vezes por semana.
A nova pesquisa, veiculada no periódico Anais de Medicina Interna (em português), foi baseada em dados de mais de 51 mil americanos com diabetes acompanhados por mais de nove anos. Nesse período, um dos dados compilados foi da prática de atividade física. A partir desse critério, os pacientes com diabetes foram estratificados em quatro grupos.
O primeiro segmento foi de inativos: ou seja, que reportaram não praticar atividade física moderada ou intensa de forma regular. Outro grupo foi nomeado como insuficientemente ativo, que consistiu em pessoas praticantes de atividades físicas, mas por menos de 150 minutos por semana.
O terceiro grupo, chamado de “guerreiros do final de semana“, envolveu pacientes que tinham em sua rotina a prática de atividades físicas uma ou duas vezes a cada semana, geralmente aos fins de semana, totalizando pelo menos 150 minutos. O último segmento, considerados regularmente ativos, também praticaram atividades físicas por pelo menos 150 minutos, mas a diferença é que isso ocorria pelo menos três vezes por semana.
A média de 150 minutos de exercícios físicos por semana já é bem estabelecida no meio médico pelos efeitos positivos para a saúde humana. Um exemplo é a OMS (Organização Mundial da Saúde): a instituição internacional recomenda que adultos façam atividades físicas por pelo menos essa quantidade de minutos a cada semana.
De acordo com Renato Redorat, coordenador do Departamento de Diabetes, Exercícios e Esporte da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), há evidências científicas de que a movimentação de no mínimo 150 minutos por semana é vantajosa para pacientes com diabetes. Atividades físicas proporcionam uma redução na sensibilidade insulínica e ajudam no controle glicêmico, acarretando em benefícios para pacientes com a doença crônica, aponta Redorat.
A nova pesquisa buscou consolidar mais evidências científicas sobre o tema, considerando especialmente se a prática de atividade física promoveria a redução no risco de morte de pacientes com diabetes. E a conclusão foi que sim.
Os guerreiros de finais de semana, aqueles com histórico de atividades físicas por até duas vezes na semana, apresentaram uma redução de 17% no risco de mortalidade para diferentes causas quando comparados com os pacientes inativos. Entre os participantes regularmente ativos, praticantes de exercícios físicos por ao menos três dias na semana, a redução foi de 21% em relação aos inativos.
Essa diminuição foi ainda maior no caso de problemas cardiovasculares. Os guerreiros de finais de semana apresentaram uma queda de 19% nos riscos para desfechos cardíacos, enquanto que essa redução foi de 33% no grupo de regularmente ativos.
Para Redorat, que não esteve envolvido com a nova pesquisa, um ponto interessante é que o estudo chama atenção para a importância de se movimentar no geral. Os autores do artigo não consideraram quais exercícios físicos foram praticados, mas se concentraram nos minutos da prática semanal.
“Mesmo que alguém pratique só duas vezes, mas que seja regular, que aconteça todo final de semana, essa atividade física vai favorecer o paciente com diabetes“, complementa o membro da SBD.
Embora os autores do estudo tenham encontrado resultados positivos entre os dois grupos com histórico regular de atividade física, o desfecho foi melhor para aqueles que praticavam exercícios pelo menos três vezes por semana.
Além dos melhores resultados proporcionados pela prática em mais dias, a intensidade do exercício físico também conta. A OMS aponta que se alguém praticar atividades físicas intensas, o mínimo de tempo recomendado por semana para benefícios para saúde diminui de 150 minutos para 75 minutos. Uma combinação entre exercícios de diferentes capacidades e dedicar mais tempo a isso, como 300 minutos a cada semana, resultaria em desfechos ainda mais positivos.
Ponto semelhante é defendido por Redorat. “Só dois dias da semana são importantes, mas estudos mostram que quanto maior a intensidade do exercício, que você tenha aquela sensação de transpirar, isso vai ter maior benefício na redução de problemas cardiovasculares”, afirma.