Os Estados Unidos e o governo chinês estão em negociação sobre tarifas de importação. Há cinco dias, o presidente americano acusou Pequim de ‘violar totalmente’ o acordo fechado entre os dois países no dia 12 de maio. Donald Trump, presidente dos EUA, e Xi Jinping, presidente da China, em foto de 29 de junho de 2019
Reuters/Kevin Lamarque
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou o presidente da China, Xi Jinping, em um post em sua rede Truth Social nesta quarta-feira (4).
O republicano, que está vivendo um cabo de guerra com Pequim desde que anunciou em abril um ‘tarifaço’ que atingiu vários países, mas principalmente a China, fechou um acordo temporário com o governo chinês no dia 12 de maio.
Representantes dos EUA e China concordaram em reduzir, por 90 dias, as tarifas dos EUA sobre as importações chinesas de 145% para 30%, e as da China sobre os produtos americanos de 125% para 10%.
No entanto, parece que as negociações estão mais difíceis do que o presidente americano esperava. Na segunda-feira (2), a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump iria falar com Xi esta semana.
“Gosto do presidente Xi da China. Sempre gostei e sempre gostarei, mas ele é muito duro e extremamente difícil de fazer um acordo”, afirmou Trump.
Há cinco dias, tom foi de acusação
A declaração desta quarta-feira vem cinco dias após Trump acusar a China de violar o acordo sobre as tarifas. Na sexta-feira (30), também na rede social, ele escreveu:
“A má notícia é que a China, talvez sem surpresa para alguns, VIOLOU TOTALMENTE SEU ACORDO CONOSCO”.
Alvo de muitas críticas, mesmo de aliados por causa de seu pacote de tarifas, Trump ainda disse que só fechou o acordo para ajudar a China. De acordo com ele, tudo ocorreu para “salvá-los” de grave perigo econômico.
“Há duas semanas, a China corria grave perigo econômico! As tarifas altíssimas que estabeleci tornaram praticamente impossível para a China vender no mercado dos Estados Unidos, que é, de longe, o número um do mundo. Muitas fábricas fecharam e houve, para dizer o mínimo, ‘agitação civil’. Eu vi o que estava acontecendo e não gostei. Para eles, não para nós. Fiz um acordo rápido com a China para salvá-los do que eu pensava que seria uma situação muito ruim, e eu não queria que isso acontecesse”, escreveu.
Algumas horas depois do post do presidente americano, a China se pronunciou através de um comunicado divulgado por sua embaixada em Washington. Pediu que os Estados Unidos acabem com as “restrições discriminatórias” contra Pequim e que os dois lados “mantenham conjuntamente o consenso alcançado nas negociações de alto nível em Genebra”.
“Desde as negociações econômicas e comerciais entre a China e os EUA em Genebra, ambos os lados têm mantido comunicação sobre suas respectivas preocupações nos campos econômico e comercial em várias ocasiões bilaterais e multilaterais em vários níveis”, disse o porta-voz da embaixada, Liu Pengyu.
EUA e China fecham acordo para suspender tarifaço
Saiba mais sobre acordo
Os Estados Unidos e a China concordaram em reduzir temporariamente as chamadas “tarifas recíprocas” entre os dois países durante 90 dias, no dia 12 de maio, após representantes das duas potências se encontrarem em Genebra, na Suíça.
As tarifas dos EUA sobre as importações chinesas caíram de 145% para 30%.
As taxas da China sobre os produtos americanos foram reduzidas de 125% para 10%.
Em coletiva de imprensa após o anúncio do acordo, Trump disse que não esperava que as tarifas dos EUA sobre as importações chinesas retornassem a 145% após o fim da pausa de 90 dias, e que acreditava que Washington e Pequim chegarão a um acordo definitivo.
O republicano também afirmou que a China já concordou em abrir o mercado para os EUA, mas que isso “levará um tempo para ser colocado no papel”.
Trump destacou ainda que, além dos acordos sobre tarifas já firmados com a China e com o Reino Unido, muitos outros “estão a caminho”.
Relembre a guerra tarifária entre China e EUA
A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou após o anúncio das tarifas prometidas por Trump, no início de abril.
A China foi um dos países tarifados — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao tarifaço, o governo chinês impôs, em 4 de abril, tarifas extras de 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram retaliar, e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até as 12h de 8 de abril, ou seria taxado em mais 50 pontos percentuais, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e ainda afirmou que estava preparada para “revidar até o fim”.
Cumprindo a promessa, Trump confirmou a elevação das tarifas sobre os produtos chineses.
A resposta chinesa veio na manhã de 9 de abril: o governo elevou as tarifas sobre produtos americanos de 34% para 84%, acompanhando o mesmo percentual de alta dos EUA.
No mesmo dia, Trump anunciou que daria uma “pausa” no tarifaço contra os mais de 180 países, mas a China seria uma exceção.
O presidente dos EUA subiu a taxação de produtos chineses para 125%.
Em 10 de abril, a Casa Branca explicou que as taxas de 125% foram somadas a outra tarifa de 20% já aplicada anteriormente sobre a China, resultando numa alíquota total de 145%.
Como resposta, em 11 de abril, os chineses elevaram as tarifas sobre os produtos americanos para 125%.
Trump critica presidente da China: 'Muito duro e extremamente difícil de fazer um acordo'
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