Página Inicial Saúde Veja como minimizar sua exposição a microplásticos – 17/04/2025 – Equilíbrio

Veja como minimizar sua exposição a microplásticos – 17/04/2025 – Equilíbrio

Publicado pela Redação

Matthew Campen, toxicologista da Universidade do Novo México, não ficou surpreso quando sua equipe encontrou microplásticos em testículos humanos durante um novo estudo. As partículas minúsculas já haviam sido encontradas no leite materno, nos pulmões e no sangue humano. Campen diz que, a esta altura, espera encontrá-las em todas as partes do corpo.

As partículas são tão pequenas que é fácil ingeri-las ou inalá-las. Os cientistas ainda não têm certeza de como isso pode afetar a saúde humana, mas algumas pesquisas iniciais apontam para motivos de preocupação: um estudo de 2021 descobriu que pacientes com doença inflamatória intestinal tinham mais microplásticos nas fezes do que indivíduos saudáveis, enquanto outro artigo recente relatou que pessoas com microplásticos nos vasos sanguíneos têm um risco maior de complicações cardíacas.

Não podemos controlar diretamente muitos dos microplásticos aos quais estamos expostos –os materiais usados em pneus de carros, na fabricação de alimentos, em tintas e em muitos outros produtos podem criar partículas de plástico. Mas, se você estiver preocupado, há medidas simples que podem ser tomadas para minimizar um pouco sua exposição a eles, afirmam especialistas.

“Você não vai chegar a zero, mas pode reduzir seus níveis”, afirma Tracey Woodruff, professora da Universidade da Califórnia, em San Francisco, que estuda como os produtos químicos afetam a saúde.

REDUÇÃO DE MICROPLÁSTICOS NA COZINHA

Os microplásticos são produzidos quando itens de plástico se degradam ou são intencionalmente adicionados a determinados produtos, como microesferas em esfoliantes corporais. Quando atingem a água e o solo, entram na cadeia alimentar.

Há várias maneiras de reduzir sua exposição por meio dos alimentos, inclusive evitando refeições altamente processadas. Um estudo de 16 tipos de proteínas constatou que, embora todos contivessem microplásticos, os produtos ultraprocessados, como nuggets de frango, eram os que continham a maior quantidade por grama de carne. Os pesquisadores explicam que isso pode ocorrer porque os alimentos ultraprocessados têm mais contato com equipamentos plásticos de produção de alimentos.

“Quanto menos processados, menos plástico”, diz Christy Tyler, professora de ciências ambientais do Instituto de Tecnologia Rochester, no estado de Nova York.

Embora prolonguem o prazo de validade e atuem como uma barreira à contaminação, as embalagens plásticas também são passíveis de gerar pequenas quantidades de microplásticos que podem ser liberados nos alimentos.

São necessárias mais pesquisas para saber se a lavagem dos alimentos tem a capacidade de reduzir esses microplásticos. Mas Woodruff diz que gradualmente substituiu seus recipientes de plástico por embalagens de vidro. A troca de tábuas de corte de plástico por tábuas de madeira pode também diminuir sua exposição.

O calor, inclusive de máquinas de lavar louça e micro-ondas, também pode causar a decomposição de produtos plásticos.

Em um estudo de 2020, os pesquisadores prepararam fórmula infantil em mamadeiras feitas de polipropileno, um tipo de plástico macio, e descobriram que elas liberavam microplásticos quando aquecidas. À medida que a temperatura da água aumentava, a concentração de microplásticos também crescia.

Os autores recomendaram preparar o leite em pó em um recipiente de vidro e deixá-lo esfriar antes de transferi-lo para a mamadeira. Da mesma forma, a pesquisa sugeriu que a água quente usada para fazer chá pode liberar partículas de saquinhos plásticos. Assim, os especialistas recomendam usar saquinhos de chá de papel ou preparar a bebida com folhas soltas.

As estações de tratamento hídrico também podem eliminar alguns microplásticos presentes na água da torneira, mas não todas. Pesquisas sugerem que os níveis são normalmente mais altos na água engarrafada do que na da torneira. Essa contaminação pode resultar, em parte, do processo de engarrafamento, das próprias garrafas plásticas e até mesmo de abrir e fechar a tampa.

Woodruff recomenda usar uma garrafa de água reutilizável para evitar essa exposição adicional. Há também filtros domésticos de água certificados para reduzir microplásticos.

LIMITANDO A EXPOSIÇÃO DE MÓVEIS, ROUPAS E MUITO MAIS

O plástico é frequentemente usado para fabricar roupas, roupa de cama e móveis. Tecidos sintéticos, como poliéster e náilon, podem ser desgastados por atrito, aquecimento, iluminação e deterioração geral, fazendo com que liberem fibras microplásticas. Uma vez inalados, esses microplásticos podem se movimentar pelo corpo, entrando nos órgãos e na corrente sanguínea.

Alguns especialistas aconselham manter os itens feitos de plástico, como um sofá estofado em tecido de polipropileno, longe da luz solar direta ou escolher opções que não sejam feitas de plástico.

O uso do aspirador de pó também pode fazer a diferença. Os cientistas descobriram que a aspiração frequente reduz os níveis de microplástico na poeira doméstica.

Tyler recomenda o uso de um aspirador de pó com filtro Hepa para sugar os microplásticos; esse filtro tem a capacidade de remover partículas de 0,3 mícron transportadas pelo ar. (Alguns microplásticos menores do que isso podem evitar a captura.) Ela diz que usar um pano úmido em vez de um espanador também pode ajudar a evitar a propagação de microplásticos em ambientes fechados.

A lavagem de roupas é outro fator a ser considerado. Estima-se que 60% do material usado no vestuário seja à base de plástico. O processo de lavagem faz com que essas roupas soltem minúsculas fibras plásticas que vão para as estações de tratamento de esgoto, são despejadas em rios e no oceano e acabam na água potável. As partículas de plástico que se desprendem das roupas também podem acabar em seu coletor de fiapos e ser inaladas quando você estiver limpando-o, afirma Tyler.

É possível tentar capturar microplásticos com um saco de lavanderia, uma bola ou um filtro especial acoplado à máquina de lavar, mas não há provas conclusivas de sua eficácia. Segundo especialistas, outras abordagens, como lavar a roupa com menos frequência, lavar a quantidade máxima e secar no varal também ajudam a minimizar a liberação de microplásticos nas roupas.

Os pesquisadores também disseram que essas etapas ajudam a limitar a exposição, mas só até certo ponto. Tyler reconhece que é difícil eliminar por completo o plástico, sobretudo entre as pessoas que compram roupas sintéticas e alimentos altamente processados por serem mais baratos. É por isso que os pesquisadores estão trabalhando para entender quais plásticos podem ser mais prejudiciais à saúde humana.

“Temos a oportunidade de fazer as escolhas certas, mas nem todo mundo tem tanto poder. Parte disso é ter consciência daquilo que você pode controlar”, afirma a médica.

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