Na briga pelo segmento de entrada dos utilitários esportivos, o Tera chega com duas opções de motor e câmbio para agradar e preços entre R$ 99.990 e R$ 142.290. Volkswagen Tera: veja os 5 pontos positivos e negativos do novo SUV da marca alemã
Diz o ditado que quem chega primeiro bebe água limpa. O Volkswagen Tera foi o último a ser lançado no segmento de SUVs subcompactos, mas a montadora apostou no mistério para compensar a demora.
As primeiras mostras oficiais do Tera surgiram no Rock in Rio do ano passado, quando o modelo foi exibido atrás de uma redoma de vidro que ocultava seu design. Houve até um concurso para que o público tentasse adivinhar o nome do carro.
A revelação só aconteceu no Carnaval. Em plena Marquês de Sapucaí, a marca apresentou o modelo à imprensa. Mas não divulgou preços, data de lançamento, nem especificações técnicas.
Nesta semana, 256 dias após a primeira aparição do novo SUV no festival de música, as versões e valores foram revelados. São cinco opções, com preços entre R$ 99.990 e R$ 142.290. E, no dia 5 de junho, os primeiros compradores poderão fechar negócio.
A Volkswagen não chegou cedo, mas aposta que o Tera terá muita água limpa para beber. A marca tem a pretensão de que o Tera faça companhia a Fusca e Gol na prateleira dos mais vendidos da história no mercado brasileiro.
O SUV mais acessível da montadora alemã vai competir com modelos como Citroën Basalt, Fiat Pulse e Renault Kardian. Trata-se da briga mais quente do momento, e o g1 avaliou as chances do Tera em um teste curto, de cerca de 200 km pelas estradas do interior de São Paulo.
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Um pequeno resumo para começar
No domingo, o g1 mostrou o pacote de equipamentos das versões do Tera. Vale um resumo para relembrar os pontos mais importantes.
A tabela de preços é a seguinte:
MPI: R$ 99.990;
TSI: R$ 116.990;
Comfort: R$ 126.990;
High: R$ 139.990;
High com pacote Outfit The Town Edition: R$ 142.290.
Já as opções disponíveis de motorização são apenas duas:
1.0 MPI aspirado, que entrega 84 cv e 10,3 kgfm de torque; e
1.0 TSI 170 turbo de três cilindros, com 116 cv e 16,8 kgfm de torque.
Somente a versão de entrada (MPI) não usa a opção de motor mais potente. Foi com a versão High (com pacote Outfit The Town Edition) que o g1 extraiu as primeiras impressões do novo SUV da Volkswagen.
Por dentro do Tera
Um SUV precisa se sair bem antes mesmo que o motorista dê a partida. E a versão topo de linha do Tera traz ganhos interessantes, em especial pensando no tradicional acabamento modesto da Volkswagen.
À frente do motorista, está o já conhecido painel de instrumentos digital de 10 polegadas, presente em toda a linha VW. O volante é o mesmo utilizado no Nivus e proporciona ótima empunhadura.
Mas a central multimídia agora adota o estilo “tela flutuante”, com a borda destacada do console, em vez de integrada ao painel. Essa configuração confere um visual mais moderno ao interior e ajuda a evitar o superaquecimento.
Central multimídia flutuante é novidade no Tera, pois Polo, Nivus, Virtus e T-Cross possuem ecrã integrado ao painel
Divulgação | Volkswagen
Fora que a central Volks Play segue como uma das melhores do segmento: intuitiva, responsiva e com uma generosa tela de 10,25 polegadas. A partir da versão Comfort, é possível contar com conexão à internet por meio da central, serviço gratuito nos primeiros 12 meses (depois, R$ 24,90 por mês).
A grande novidade é que o sistema do Tera permitirá interagir com a inteligência artificial generativa — semelhante ao ChatGPT e ao Copilot — desenvolvida pela Volkswagen em parceria com a Accenture (empresa de T.I), chamada OTTO.
A IA tem como proposta atuar como uma espécie de companhia, permitindo que o usuário converse durante a viagem ou dispare comandos de voz. A OTTO supostamente escuta, compreende e evolui com base nas orientações recebidas. Mas a ferramenta só estará disponível a partir de julho.
Tera, novo SUV da Volkswagen
Divulgação/Volkswagen
Ainda no console também está a única parte com uma faixa de couro – bastante pequena — abaixo da tela. O carro avaliado possui carregador de celular por indução e oferece duas portas USB-C para recarga de dispositivos móveis. Os bancos possuem um bonito acabamento em couro degradê.
Na versão Outfit, há uma combinação de texturas plásticas, incluindo uma superfície rugosa e outra lisa com acabamento em black piano. Além disso, há revestimento em couro em parte das portas e do painel, conferindo um toque mais refinado ao interior.
Se tudo vinha muito bem, algumas ressalvas não poderiam faltar. Apesar do belo desenho dos bancos, eles são estreitos, tanto na frente quanto atrás. Motoristas mais altos ou com costas largas podem sentir desconforto em viagens longas, devido às abas laterais que pressionam as costelas.
O banco de trás também é justo, já que o Tera é feito na plataforma de dois carros reconhecidamente apertados para o passageiro, o Polo e o Nivus. Mas também não difere tanto de Kardian e Pulse, por exemplo.
Além disso, não conta com saídas de ar-condicionado para os ocupantes do banco traseiro. Ao menos, o porta-malas não perde para os principais concorrentes.
Tera, novo SUV da Volkswagen
Divulgação/Volkswagen
Motor mais fraco, consumo bom
A escolha de motor do Tera talvez seja um dos principais pontos de decepção. Ao volante, o carro até oferece boas acelerações, mas poderia entregar mais desempenho.
Abastecidos com gasolina, esses são os desempenhos de motor:
Volkswagen Tera: 109 cv de potência e 16,8 kgfm de torque;
Fiat Pulse: 125 cv de potência e 20,4 kgfm de torque;
Renault Kardian: 120 cv de potência e 20,4 kgfm de torque.
A diferença pode parecer relativamente modesta, mas se mostra no desempenho. Enquanto Pulse e Kardian aceleram de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos, o SUV da Volkswagen atinge essa marca apenas após os 11 segundos.
Ninguém espera um tranco de aceleração em um SUV, mas é o tipo de situação que faz com que o câmbio precise compensar a limitação nas retomadas, elevando demais o giro do motor para realizar ultrapassagens e ganhar velocidade.
Se a Volkswagen tivesse optado pelo mesmo motor usado no Nivus (1.0 TSI de 128 cv), o propulsor do Tera igualaria os concorrentes em torque e poderia entregar mais.
Ao menos, o câmbio automático de seis marchas tem um ótimo acerto e trabalha bem para deixar o Tera um pouco mais esperto.
Se a fraqueza é um porém, o Tera se destaca quando o assunto é o consumo. As médias rodoviárias do teste com gasolina foram superiores às dos concorrentes. Mais um ponto para o trabalho de engenharia aplicado à calibração do câmbio automático.
Quando não é tão exigida, a transmissão atua bem para manter o motor sempre em baixa rotação. A 100 km/h, por exemplo, é possível conduzir com a sexta marcha engatada, mantendo o propulsor em torno de 1.800 rpm, reduzindo o ruído interno e apoiando o consumo de combustível.
Segundo o Inmetro, as médias de consumo do Tera foram de 12,2 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada, quando abastecido com gasolina.
Fiat Pulse: 13,4 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada;
Renault Kardian: 13,1 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada.
No trajeto até Taubaté, o desempenho foi ainda mais eficiente: com duas pessoas a bordo, o consumo chegou a 17,7 km/l em um percurso de 88 km, combinando trechos urbanos e rodoviários, segundo o computador de bordo.
Por fim, o comportamento da suspensão traz a clássica característica dos carros da Volkswagen: uma firmeza que garante boa estabilidade em estradas e curvas, sendo especialmente agradável para quem prefere um carro com condução mais precisa.
A suspensão do Tera é completamente nova, com amortecedores e molas ajustados especificamente para o modelo. Dessa forma, ele não herda o mesmo conjunto do Polo.
Custo de propriedade
Segundo a Volkswagen, o custo de propriedade do Tera é 4% inferior à média dos concorrentes, que a própria marca fez questão de citar: Kardian e Pulse. Ainda de acordo com a fabricante, a cesta de peças é 35% mais barata que a dos rivais, embora os valores não tenham sido divulgados.
O g1 consultou os valores da primeira revisão — realizada aos 10 mil km ou após um ano — dos SUVs subcompactos mencionados pela Volkswagen.
Fiat Pulse: R$ 728;
Renault Kardian: R$ 715,34.
Conclusão
O consumo na estrada é o que mais se destaca no Tera. O desempenho, por outro lado, é o ponto que mais decepciona. Para quem procura um carro mais ágil e empolgante, é melhor considerar o Pulse ou o Kardian.
No entanto, a presença da IA generativa pode tornar o Tera mais atraente para um público jovem, acostumado a utilizar inteligências artificiais no dia a dia e que busca um carro tão tecnológico quanto um smartphone.
Veja a seguir os 5 pontos positivos e negativos do Volkswagen Tera.
❌ Espaço interno;
❌ Desempenho;
❌ Potência e torque;
❌ Falta freio de estacionamento eletrônico;
❌ Faltam câmeras na dianteira e laterais;
✅ Consumo na estrada;
✅ Câmbio automático de seis marchas;
✅ Inteligência Artificial;
✅ Freios a disco nas quatro rodas;
✅ Painel digital de 10 polegadas.
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